Thursday, May 29, 2014

Obrigado!......




Claro que pessoas como Graham Bell, Thomas Edison e Steve Jobs 
são geniais e deram uma contribuição preciosa à humanidade e blá 
blá blá e tal. Mas tem certas descobertas barra invenções que mere-
cem muito o meu respeito e agradecimento eterno. Por exemplo, o 
cara que inventou a uva sem caroço. Esse cara tinha que ter ganhado 
um Nobel. Qualquer Nobel, inventa um pra ele. O Nobel do caroço. 
(Nunca sei se fala Nóbel ou Nôbél.) Não tem nada mais chato do 
que ficar cuspindo o caroço da uva. E aí, um cara (um enviado de Deus,
 podemos dizer assim?) gastou boa parte do seu tempo para conseguir 
produzir uma uva sem aquele pequeno câncer. Gosto de pensar que 
esse cara ficou tão incomodado com um caroço de uva que decidiu
por exterminar esse mal da sua vida. Com tanta desgraça acontecendo 
no mundo, isso foi o que ele considerou o mais importante para resolver. 
Gênio.

Eu tenho pra mim que deve ter sido um japonês. Japoneses são mestres
em resolver nossos problemas. Os japoneses são tão incríveis, que nem 
Hitler quis ser inimigo deles. Outro presente para a humanidade foi 
ar condicionado. Talvez mais importante do que a vacina contra a pólio. 
Às vezes eu tô no carro, olho o termômetro lá fora, percebo que está 
0 graus e penso: eu quero que se dane a pólio, eu quero ar condicionado 
acessível para toda população. O senador que me prometer isso na
próxima eleição leva meu voto.

O que dizer da panela com teflon? 
O próprio cabide foi uma bela sacada. O guarda-chuva, eu já acho 
muito óbvio. Gosto, uso, não teria inventado, mas me parece de fácil
percepção. A camisinha foi de uma evolução interessante. A primeira 
que existiu foi feita com tripa de porco. Agora: para um homem preferir 
colocar um pedaço do intestino de um suíno em seu próprio pênis, 
vou te dizer que o que ele tinha na frente não devia ser das melhores 
coisas.

Eu devo muito também ao chinelo de dedo. Minha vida é tão mais feliz 
por causa dele... A raquetinha de dar choque em mosquito é uma 
maravilha do século 21. A alegria que dá ver um mosquito sendo 
frito é incomparável. Você se torna um serial killer com apenas um 
toque. Passa a procurar mosquitos pela casa em lugares aos quais
 você nem vai muito. No banheiro de empregada, que tem umas 
coisas entulhadas, aquelas ninguém usa, que o mosquito poderia, 
inclusive, frequentar tranquilamente sem te incomodar. Mas não, 
quando você vê, são três e meia da manhã e você se percebe em 
cima do vaso sanitário tentando alcançar um deles atrás do 
chuveiro elétrico. Alguém podia era inventar um mosquito que
 não zumbisse e não picasse, né? Não tem nenhum japonês aí 
que se anime não?


Fábio Porchat - Texto publicado no Jornal 'Estadão' - dia 18/maio/2014

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