Saturday, June 23, 2007

A vida

Vão o amor, o ódio, ou o desdém; Inútil o desejo e o sentimento... Lançar um grande amor aos pés de alguém O mesmo é que lançar flores ao vento! Todos somos no mundo "Pedro Sem" Uma alegria é feita dum tormento, Um riso é sempre o eco dum lamento, Sabe-se lá um beijo de onde vem! A mais nobre ilusão morre... desfaz-se... Uma saudade morta em nós renasce Que no mesmo momento é já perdida... Amar-te a vida inteira eu não podia. A gente esquece sempre o bem de um dia. Que queres, meu Amor, se é isto a vida

Florbela Spanca

Thursday, June 21, 2007

Super Interessante!


De Malba Tahan
Tragédia Matemática

Num certo livro de Matemática, um quociente apaixonou-se por uma incógnita.
Ele, o quociente, produto de notável família de importantíssimos polinômios.

Ela, uma simples incógnita, de mesquinha equação literal. Oh! Que tremenda desigualdade. Mas como todos sabem, o amor não tem limites e vai do mais infinito ao menos infinito.

Apaixonado, o quociente a olhou do vértice à base, sob todos os ângulos, agudos e obtusos. Era linda, uma figura ímpar e punha-se em evidência: olhar rombóide, boca trapezóide, seios esféricos num corpo cilíndrico de linhas senoidais.

- Quem és tu? Perguntou o quociente com olhar radical.

- Eu sou a raiz quadrada da soma do quadrado dos catetos, mas pode me chamar de Hipotenusa. Respondeu ela com expressão algébrica de quem ama.

Ele fez de sua vida uma paralela à dela, até que se encontraram no infinito. E se amaram ao quadrado da velocidade da luz, traçando ao sabor do momento e da paixão, retas e curvas nos jardins da quarta dimensão. Ele a amava e a recíproca era verdadeira. Se adoravam nas mesmas razões e proporções no intervalo aberto da vida.

Três quadrantes depois, resolveram se casar. Traçaram planos para o futuro e todos desejaram felicidade integral. Os padrinhos foram o vetor e a bissetriz.

Tudo estava nos eixos. O amor crescia em progressão geométrica. Quando ela estava em suas coordenadas positivas, tiveram um par: o menino, em honra ao padrinho, chamaram de Versor; a menina, uma linda Abscissa.

Ela sofreu duas operações.Eram felizes até que, um dia, tudo se tornou uma constante. Foi aí que surgiu um outro. Sim, um outro.

O máximo divisor comum, um freqüentador de círculos viciosos. O mínimo que o máximo ofereceu foi uma grandeza absoluta.

Ela sentiu-se imprópria, mas amava o Máximo. Sabedor desta regra de três, o quociente chamou-a de fração ordinária. Sentiu-se um denominador comum, resolveu aplicar a solução trivial: um ponto de descontinuidade na vida deles.

Quando os dois amantes estavam em colóquio amoroso, ele em termos menores e ela de combinação linear, chegou o quociente e num giro determinante, disparou o seu 45.

Ela foi transformada numa simples dízima periódica e foi para o espaço imaginário e ele, foi parar num intervalo fechado, onde a luz solar se via através de pequenas malhas quadráticas.

Wednesday, June 20, 2007

Quando....

Quando eu mais...
acreditei,
naquela sedução exuberante,
tal qual uma escultura de Rodin,
tu me abandonavas!
dentro de mim,... como numa névoa de esperança,
num suspirar dos desejos, no murmurar dos sentidos,
e com fundo musical....
algo me dizia:
_ Preste atenção no modo com que ele te olha,...
com que olhar ele te aprecia,
com que palavras ele te elogia,
com que desejo ele te abraça,
com que mãos ele te toca!
Foi quando eu mais acreditei!

Quando eu menos acreditei...
eu te abracei,
eu te beijei,
eu te amei...
Quando eu nem mesmo acreditava,
eu já te amava...
e tu me abandonavas!

Quando eu não mais acreditava,
tal como tu fostes o vento,
algo de novo me dizia:
_ deixa o encontro de hoje,
o romance de agora,
para uma outra hora qualquer....
..se vier...
Quando eu menos acreditei...
eu fui querida sim...
fui desejada sim..
e quando eu mais acreditei...
eu já não era a tua preferida!
Ensaio Romântico/2007 - (Mares)

Tuesday, June 19, 2007

E mais....

''Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer. (...)
Eu sei assim reconhecer aquele que ama verdadeiramente: é que ele
não pode ser prejudicado.
O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca. ''

(Antoine de Saint-Exupéry, in 'Cidadela')

O que eu quero dizer agora......

....é isso!....

Hoje eu preciso ouvir qualquer palavra tua
Qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria...
Em estar vivo!

Hoje preciso de você
Com qualquer humor, com qualquer sorriso
Hoje só tua presença
Vai me deixar feliz
Só hoje!

Jota Quest

Sunday, June 17, 2007

Em linguagem antiga....

INTERESSANTE....

Uma Carta Inédita de Fernando Pessoa para um destinatário fictício.
No texto abaixo, ele estaria, evidentemente se referindo às mulheres ... ou exatamente áquela em especial e seus permitidos relacionamentos ......para isso, melhor se colocando no plural...

''Minhas queridas discípulas, desejo-lhes, com um fiel cumprimento dos meus conselhos, inummeras e desdobradas volúpias com o animal macho, a que a Egreja ou o Estado as tiver atado pelo ventre e pelo apelido.
É fincando os pés no solo que a ave desprende o vôo. Que esta imagem, minhas filhas, vos seja a perpétua lembrança do único mandamento spiritual.
Ser uma ''cocotte'', cheia de todos os modos, sem trahir o marido, nem sequer com um olhar- a volúpia é isto, se souberdes conseguíl-o.
Ser ''cocotte'' para dentro, trahir o marido para dentro, stal-o trahindo nos abraços que lhe daes, não ser para elle o sentido do beijo que lhes daes – oh mulheres superiores, ó minhas mysteriosas Cerebraes – a volúpia é isso!
Porque não aconselho eu isto aos homens também?
- Porque o homem é outra espécie de ente. Se é inferior, recomendo-lhe que use quantas mulheres puder: faça isso e sirva-se do seu desprezo quando ilegível.

E o homem superior não tem necessidade de nenhuma mulher.Não precisa da posse sexual para a sua volúpia. Ora a mulher, mesmo a superior, não acceita isto: a mulher é essencialmente sexual.''

Texto extraído de um jornal, precisão do dia e ano..., não se sabe.... certamente, foi publicado na normalidade da Língua Portuguesa , falada e escrita em Portugal.
OBS: A palavra ''cocotte'' é de origem francesa e no texto acima se refere á:
Habitudes, naturelles ou acquises, relatives à la pratique du bien ou du mal (à la morale).
www.fr.wiktionary.org/wiki

www.fpessoa.com.ar/

''I know not what tomorrow will bring!'' Fernando Pessoa

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