''Me quer ?
Não me quer ?
As mãos torcidas
os dedos
despedaçados um a um,
extraio
assim tira a sorte,
enquanto
no ar de maio
caem as pétalas das margaridas!
Que a tesoura e a navalha revelem as cãs e
que a prata dos anos tinja seu perdão
penso
e espero que eu jamais alcance
a impudente idade do bom senso.
Passa da uma
você deve estar na cama
Você talvez
sinta o mesmo no seu quarto
Não tenho pressa
Para que acordar-te
com o
relâmpago
de mais um telegrama
O mar se vai
o mar de sono se esvai
Como se diz:
- o caso está enterrado
a canoa do amor se quebrou no quotidiano
Estamos quites
Inútil o apanhado
da mútua dor
mútua quota de dano!
Passa de uma
você deve estar na cama
À noite a Via Láctea
a canoa do amor se quebrou no quotidiano
Estamos quites
Inútil o apanhado
da mútua dor
mútua quota de dano!
Passa de uma
você deve estar na cama
À noite a Via Láctea
é um Oka de prata
Não tenho pressa
para que acordar-te
com relâmpago
de mais um telegrama
como se diz:
- o caso está enterrado
a canoa do amor,
se quebrou no quotidiano.
Não tenho pressa
para que acordar-te
com relâmpago
de mais um telegrama
como se diz:
- o caso está enterrado
a canoa do amor,
se quebrou no quotidiano.
Vê como tudo agora emudeceu
Que tributo de estrelas a noite impôs ao céu
em horas como esta eu me ergo e converso
com os séculos a história do universo.
Sei o puldo das palavras,
a sirene das palavras
Não as que se aplaudem do alto dos teatros
Mas as que arrancam caixões da treva
e os põem a caminhar quadrúpedes de cedro
Às vezes as relegam inauditas inéditas
Mas a palavra galopa com a cilha tensa
ressoa os séculos e os trens rastejam
para lamber as mãos calosas da poesia
Sei o pulso das palavras parecem fumaça
Pétalas caídas sob o calcanhar da dança
Mas o homem com lábios alma carcaça.''
"Maiakóvski -
Que tributo de estrelas a noite impôs ao céu
em horas como esta eu me ergo e converso
com os séculos a história do universo.
Sei o puldo das palavras,
a sirene das palavras
Não as que se aplaudem do alto dos teatros
Mas as que arrancam caixões da treva
e os põem a caminhar quadrúpedes de cedro
Às vezes as relegam inauditas inéditas
Mas a palavra galopa com a cilha tensa
ressoa os séculos e os trens rastejam
para lamber as mãos calosas da poesia
Sei o pulso das palavras parecem fumaça
Pétalas caídas sob o calcanhar da dança
Mas o homem com lábios alma carcaça.''
"Maiakóvski -
Poemas"
Editora Perspectiva - 1982)
.
(tradução: Augusto de Campos)
''Tais versos só são compreensíveis
Editora Perspectiva - 1982)
.
(tradução: Augusto de Campos)
''Tais versos só são compreensíveis
e só têm graça
se, se sente o sistema geral da língua,
e são quase intraduzíveis,
com jogos de palavras."
se, se sente o sistema geral da língua,
e são quase intraduzíveis,
com jogos de palavras."
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