A minha rua é simpática, com muitos dos prédios construídos
na década de 80. Alguns são mais altos, conceito atualíssimo
para a década, outros nem tanto e nem tão espaçosos assim!
Ideais para ‘single’’ ou recém-casados. A parte posterior ,
as janelas têm visão para o interior do estacionamento, com
vagas de garagens, descritas obedientemente, no piso.
Difícil é ter sono muito cedo, pois a rua, e o local, permite que
alguns bares fiquem abertos até mais tarde. O barulho muitas
vezes impede que o seu sono seja tão tranqüilo e conciliador
assim. Os carros trafegam num movimento constante, buzinas,
pessoas falantes à ruas, mesmo sendo um bairro totalmente
residencial.
Impossível ficar na cama, ou não acordar com todo este
barulho, tanto seu anoitecer como seu amanhecer é deveras
incômodo pela pressa que agita a vizinhança.
A paisagem urbanística do local, tem sofrido reformas,
embora preservada, em vista do localização privilegiada em
que se encontra, porém, a rua tem ganho propostas de prédios
com vantagens exclusivas, com opções de recreação, e luxo.
Para falar a verdade não gosto, geometricamente, do posicio-
namento do prédio. A visão panorâmica de todos os ambientes,
dão ao espaço interno, quando se tem também a lateral do
edifício a frente. Insuportável é o frio que a sombra faz para
o meu. Já pude detalhar bem de como o sol invade e aquece
a minha casa. No inverno, o sol só dá o ‘ar da graça’ durante mais
ou menos uma hora, na cozinha, a sala fica totalmente gelada,
quarto, idem.Na primavera, o sol entra pela janela da cozinha por
mais ou menos umas três horas, pois ele caminha na direção
noroeste, e por este percurso, chega pouco até ao quarto,
sala e cozinha.
No verão, todos os ambientes, tem acesso direto ao sol, pois este
caminha na direção sudoeste. É a temporada em que sinto mais
quente a minha casa.
Em prédios situados em frente ao meu, e nas laterais, vejo as
janelas sem nenhuma floreira para atrair as borboletas, um ou outro
pássaro canta solitário em sua gaiola, alguns pequenos arbustos sem
muito trato, abandonado à sorte do tempo, em suas varandas.
Sabe-se que há vida em todos os andares, mas, ela corre fechada por
entre as janelas e portas. Por distração uma ou outra pessoa aparece
nas janelas, sabe-se para fechar a janela ou ver a chuva em cai.
Porquê tantas travas e telas para segurança?
Cadê a vida sorridente, que se espera ver nestes prédios de
apartamentos com moradoresvivendo como que clandestinos
através de suas cortinhas???
Ouve-se com muita freqüência pequenos latidos de cães, que
fazem companhias para os seus donos solitários, ou alguma música
pelas redondeza.
O aceno de um vizinho ao outro, nunca vi!.... Acho que para o
cafezinho, que antes era caseiro, tem na padaria até com pão-de
-queijo, contudo, a amizade existi, entre alguns,
ou muitos, caso contrário estariam presos nestas ‘gaiolas’.
Sem grande ansiedade, os meus olhos se perdem passeando entre
as janelas, naquela noite desta primavera tão duvidosamente
quente, quando, com a cortina entre-aberta, deixei os direcionar
para a luz opaca daquele apartamento.
Não sou nada ‘' expert’’ em culinária, mas quando me dedico
a fazer algo, faço bem-feito e na hora em que me preparava
para fazer, a minha geléia, deixei os morangos ali mesmo
sobre a mesa da cozinha. De volta à sala, meu olhar encontrou
de novo a luz do apartamento ao lado.
A ausência das cortinas permitia que eu o visse!
Ele se mostrava, com vaidade, em seus aparentes 40 ou
42 anos.Através do vidro da janela, notei, que era bem apessoado,
com cabelos fartos, ombros largos, tórax malhado.
Percebi que andava de um lado para o outro do cômodo,
contrário a mim, que estatelada na janela do meu apartamento,
rs... presenciava a cena. Ele se gesticulava, ora passava as mãos
entre os cabelos, e num relâmpago de pensamento imaginei
estar ele, completamente nu!
Pensando bem, a temperatura daquele noite de primavera,
oscilava, entre 30 e 32 graus, estava quente, e mesmo que
estive semi-nu, era calculável e previsível que um homem livre,
tivesse a liberdade de circular, dentro de sua casa, da forma que
veio ao mundo, ou da forma que lhe fosse conveniente.
Estar totalmente ‘’em pêlo’’ era como se ele, talvez, estivesse
se desvencilhando de todos os problemas que o afligiram
naquele dia de trabalho.
Poderia ser a sua ‘’válvula de escape’’ emocional, seu modo
de se livrar das tensões!
Eram precisamente, 20 ou .... pouco mais!
Dentre as nuances do tom da cortina agora indelevelmente marcada
pelo vulto, sua masculinidade estava exposta, sobre uma tênue
sombra noturna, ...isto não era para qualquer um.,... a porta
escancarada e ele, sem pudor, inteiro e sensual.
Era viril, ele passeava numa paralela por ele desenhada, e
nenhum ‘’robe ‘’ escondia o que ele certamente gostaria de se
evidenciar, sua potência sexual, quiçá! E era... pois qual homem
não se atém a este seu detalhe tão libidinoso!
Como um corcel, se fazia notar, expondo com propriedade o
seu peito forte, os pêlos cobriam as axilas, e certamente mais fartos
em sua área tão privilegiada.. As pernas eram longas, ah...
Uma tentação !
Sentado agora em uma chaise-long, que puxou para mais perto da
porta, a luz do abajur, a varanda, fez-me perceber que se bronzeava
artificialmente, alheio a qualquer coisa, ou por quem pudesse
admirá-lo ali, mesmo de forma sorrateira e oculta.
Movimentos sexy em posições confortáveis, ora movendo as pernas,
ora virando-se de um lado para outro, para que os raios de cores
douradas, pudessem penetrar em sua pele, suas costas e seu belo
bumbum. Digo isso, por que assim o imaginei!
Ah, se esse bumbum, firme, pudesse ser tocado, preencheria
totalmente a minha mão.E eu, que estou tão carente, fiquei a
imaginar que estava diante de um gostoso filme erótico.
Desvencilhando desta cena, vou á cozinha, pego os meus
morangos e , me encosto sobre o parapeito da janela, mordo
estas frutinhas tão vermelhas e imagino que, por alguns instantes
não havia mais ninguém entre ele e eu, neste encontro platônico.
Era o meu Adonis, meu Hércules...causando-me uma onda de
excitação, o corpo transpirava, a respiração presa numa
imagem que não gostaria que fosse uma simples quimera.
Tão pouco viro a cabeça, pressinto que ele não está mais só.
Que pena, ... desvarios de desejos despertos num jogo visual
tão impalpável.
Volto a ouvir latidos suaves de cães,e crianças a brincar na
piscina e no ‘’play ground’’ do prédio.
Foram jogos de sedução bem aos meus olhos!
Sonhos, de uma noite quente de verão!
O que eu fiz com os morangos selecionados para a minha
geléia,.... comi, saboriei como se cada morango fosse os
beijos que queria receber!
Quanto a geléia, ...ah... no próximo dia de feira, eu
compro os morangos de novo!...
No comments:
Post a Comment